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Pandemia, Terceira Idade, Necropolítica e… Utopias
Diante da Pandemia do Coronavírus, uma questão importante que aprendemos ao estudar, cantar e dançar o jongo foi o respeito aos mais velhos, a nossa ancestralidade. Na estrutura do jongo, no ponto, há um código secreto que os senhores dos escravos não conseguiam decifrar. Percebe-se um processo educativo forte, o respeito aos mais velhos e a ancestralidade. O jongo nos dá a possibilidade de fazer uma ação afirmativa de valorizar a cultura afrodescendente. O jongo ensina a respeitar os mais velhos, valorizar a amizade e desperta o espírito solidário, a criatividade, a sabedoria. São processos que são trabalhados desenvolvendo como uma ação afirmativa de valorização da cultura dos negros escravizados. (Confira a matéria “Jongo: Cultura e resistência da história dos negros podem ser resgatadas com aprendizagem da dança” no link abaixo).
Esse projeto mencionado chama-se “Cultura Ambiental na Educação de Jovens e Adultos (EJA): Trabalhando com Música e Tecnologias, Enfrentando Preconceitos no Território Caipira” e busca compreender as inter-relações entre a sociedade contemporânea e o fenômeno do preconceito, especialmente o racial. Possui como objetivo o enfrentamento ao preconceito racial, através do desenvolvimento de círculos de cultura. Dentre os resultados esperados, temos a possibilidade de formação diferenciada aos participantes do projeto quanto ao enfrentamento do problema social do preconceito, além de difundir conhecimento gerado na universidade junto à comunidade, incentivar o trabalho cooperativo entre os agentes da universidade e os participantes do projeto e por fim, vislumbrar políticas públicas mais eficientes e eficazes para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). (Vocês podem ver algumas imagens no Facebook do projeto no link a seguir: https://www.facebook.com/groups/1416331928441197/).
Com relação a população idosa negra, público-alvo desse projeto, o site Geledés (2020) demonstra preocupação durante a Pandemia do Coronavírus e chama atenção para o risco do extermínio de populações negras, sobretudo as mais pobres, em razão da ausência de um atendimento adequado das mesmas pelos nossos sistemas de saúde. É sabido, que os nossos sistemas de saúde devolvem para a população negra um tratamento não isonômico, ao qual podemos definir como uma das manifestações de “necropolíticas do racismo institucional”. Conforme o site: “podemos definir o racismo institucional como práticas não isonômicas realizadas pelos Estados onde a população negra se faz presente, especialmente na política institucional dos órgãos, entidades e serviços delegados de saúde”.
Outra questão importante, com relação a população idosa, é a colocada por Heloísa Pait, no texto onde afirma que: “com a expectativa de vida se alargando, muitos idosos mantêm vida ativa muito além dos 60 anos, que é quando o risco de vida começa a subir significativamente para a doença causada pelo coronavírus, e às vezes além dos 70 ou 80 anos. Essa atividade pode se dar na continuidade de seu trabalho, gerando renda e às vezes auxiliando os membros mais jovens da família. Pode ser em serviços diretos a esses membros, como cuidar dos mais jovens ou da casa. Essa é uma ajuda significativa, que não deve ser menosprezada. Além disso, muitos idosos ativos, por terem maior experiência de vida, são também referência moral em suas famílias e comunidades, servindo de fonte de conhecimento e norte em momentos de precisão” (Pait, 2020).
Diante a Pandemia me vem a lembrança o “Princípio Esperança” de Ernst Bloch com sua necessidade de recuperação da Utopia, em nosso caso, a presente no Jongo, com a valorização do idoso, da ancestralidade, descrita no primeiro parágrafo. Para Bloch, a utopia não é algo fantasioso, simples produto da imaginação, mas possui uma base real, com funções abertas à reestruturação da sociedade, engajado em mudanças concretas, visando à nova sociedade. Assim, a utopia se torna viável à medida que possui o explícito desejo de ser realizada coletivamente. (Confira o Princípio Esperança nos vídeos dos links abaixo). E para vocês, queridos jovens, adultos e idosos, qual a sua utopia nesta Quarentena da Pandemia do Coronavírus? Deixe um comentário no nosso blog de aula.
Muito obrigado, se cuidem! Prof. Fábio Villela.
Leituras e vídeos sugeridos
JONGO: Cultura e resistência da história dos negros podem ser resgatadas com aprendizagem da dança: https://avozdacidade.com/wp/jongo-cultura-e-resistencia-da-historia-dos-negros-podem-ser-resgatadas-com-aprendizagem-da-danca/
A população negra e o coronavírus:
https://www.geledes.org.br/a-populacao-negra-e-o-coronavirus/
A vida dos “velhinhos”, as conexões sociais e as lideranças institucionais:
Edson Luís de Souza: A necessidade das utopias:
https://www.youtube.com/watch?v=wnPxzgBeJ6w
Michael Löwy: Ernst Bloch e a religião como utopia:
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Yorimatã Okê Aruê!
Bom dia querid@s alun@s! Tudo bem com com vcs?
No dia 13-11-2019 assistimos ao documentário Yorimatã. Gostaria que vcs deixassem um comentário aqui no blog de aula. Quem ainda não assistiu pode assistir/rever em casa. Relembrando… duas mulheres em meio ao movimento hippie dos anos 70 se unem pelo sonho de liberdade. Luhli e Lucina vivem em seu cotidiano criativo de uma comunidade alternativa a experimentação musical radical e se tornam pioneiras no cenário independente brasileiro. Com cerca de 800 composições, do violão aos tambores artesanais que constroem e tocam, dizem não às gravadoras e mergulham na umbanda e na criação artística. Seu companheiro de um relacionamento em trisal, o fotógrafo Luiz Fernando Borges da Fonseca, registra tudo em filmes super 8mm que, unidos a registros de shows por artistas independentes; e as filmagens atuais, recriam seu universo espírito-musical, num filme sobre a liberdade e a busca das raízes primitivas culturais brasileiras.
Trailer no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=DIm66b8nEP0
Filme completo na Plataforma Videocamp: https://www.videocamp.com/pt/movies/yorimata?fbclid=IwAR3NnwqFpNkpvXfmKI7fYIarSMW45Zh1qYrbx_V1mtBB2UhelDuYZ8WDvXQ
Letra
YORIMATÃ OKÊ ARUÊ – (Luli e Lucina)
© Luli e Lucina – Todos os direitos reservados
( Primeiro LP de Luli e Lucina lançado em 1979 /Produção independente /Gravadora: Nós lá em casa /Edição : Patricia Ferraz)
selvagem o corpo afoga todo o medo
na primeira lágrima
água chorada em verde escuro pote
yorimatã okê aruê
água chorada por milhões de olhos
pedaços de solidão
filha da mata tenho a preparar
yorimatã okê aruê
abrir caminho fazer bonita a vida
vida que virá
penso no escuro, por onde passar?
yorimatã okê aruê
a casa teço folhas para abrigar
o corpo já desfeito de não ser um só
e faço fogo okê aruê
ah e espero a aurora
eu quase dois eu mulher
ah eu quase árvore, ah eu mulher
sou sentinela sou sentinela,
sentinela do amanhecer
sou sentinela do amanhecer
matã okê aruê yorimatã
sou sentinela e aguardo em paz
a primeira lágrima
estou sozinha estive e estarei,
estou sozinha estou sozinha
e vou duplicar, vou multiplicar o corpo
matã aruê yorimatã aruê yorimatã yorimatã
okê aruê okê aruê yorimatã yorimatã yorimatã…
Violões, Vozes, Zabumba e Tantan: Luli e Lucinha
Percussão e Apitos: Nacho e Ciça
Link da música no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=u2p_KjJ9jLo
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